De posse do laudo encomendado pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (SAMA) para descobrir o que teria causado uma agressão ambiental num curso de água que passa pelo condomínio Duas Pontes e corta uma propriedade da Usina Nossa Senhora Aparecida, a direção do Conselho Municipal de Meio Ambiente ( Condema) fez um alerta de que não somente matéria orgânica – como se suspeitava - compunha o material que causou a poluição, mas também uma enorme concentração de ‘índices fenois’ na porcentagem de 0,30 mg/ l quando o tolerável é 000,1 mg/l.
Segundo Maria Odete Moreira Mello, presidente do Condema, fenol é uma substância química derivada de processamento industrial “altamente cancerígena”. “ A informação é importante porque coloca por terra argumentos de que a poluição visualizada e denunciada à época seria fruto de ação de produtos orgânicos”, rebateu. O referido Laudo aponta também elevadas concentrações de amônia e coliformes fecais , cujos resíduos se constituem em poluição de origem orgânica. “Precisamos aprofundar esta investigação para saber se existe alguma atividade industrial gerando este poluente. Afinal, o curso de água deságua no Rio do Peixe”, disse Odete.
O caso ganhou repercussão no dia 21 de abril quando um morador do condomínio Duas Pontes alertou as autoridades ambientais sobre a presença de um líquido negro e mal cheiroso que descia pelo córrego. Esse morador chegou ainda em falar em mortandade de peixes. O Secretário de Agricultura e Meio Ambiente (SAMA) José Alair de Oliveira oficiou a direção da Usina Nossa Senhora Aparecida sobre o ocorrido e recebeu como resposta uma negativa de que o fato tivesse qualquer relação com atividades da empresa. Suspeitava-se , inicialmente, que poderia ter sido vazado vinhaça ( espécie de fertilizante natural) usada nas plantações de cana.
Segundo Maria Odete, a CETESB se manifestou dizendo –se impedida de investigar o fato porque o órgão não foi comunicado do fato de imediato e não pode se basear em laudos particulares em suas ações. Ainda sim encaminhou solicitação ao gerente regional da Cetesb, Paulo Roberto Silva Bantim de Souza, para que o órgão verifique se a empresa faz usa normas corretas para a aplicação “da vinhaça”.
Poluição pode ter origem em atividade industrial acredita o Condema
Suspeita de agressão ambiental no Córrego do Canfoneiro
Autoridades do Condema investigam também uma possível ação criminosa numa propriedade da zona rural que faz exploração de areia do leito do chamado “Córrego do Canfoneiro”, na região do Bairro dos Pinheiros. A bióloga Maria Odete Moreira Mello contou que a denúncia chegou ao conhecimento do órgão há cerca de 30 dias e que devido a uma desatenção acabou sendo ‘esquecido’ numa pasta de correspondência eletrônica do e-mail usado.
Segundo informou, o autor da denúncia postou fotos mostrando manejos incorretos e destruição de Áreas de Proteção Permanente. “ As margens do ribeirão apresentam claros sinais de degradação”, alegou. Diante das evidências o órgão protocolou pedido de averiguação junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente para que o caso seja investigado.
Por intermédio da Assessoria de Imprensa da Prefeitura, Anderson Martelli, biólogo que presta serviços na A SAMA, respondeu que o proprietário da mineradora já foi intimado a oferecer esclarecimentos e documentação sobre o empreendimento. Ainda segundo Martelli o proprietário afirmou que possui licença de funcionamento tanto da CETESB quando do Departamento Nacional de Proteção Mineral (DPMN). Sobre o caso da poluição no córrego das Duas Pontes, o biólogo confirmou a ocorrência de fenol e alta carga orgânica e que o resultado do laudo foi encaminhado à CETESB, sugerindo eventual averiguação dos fatos.
Confirmou ainda que a SAMA tem mantido contatos com a Usina Nossa Senhora Aparecida para o fornecimento das informações necessárias para a apuração do assunto.
Imagem mostra flagrante desrespeito às leis ambientais na denúncia feita contra processo de mineração no córrego do Canfoneiro